No DF, 3º mercado de luxo do país, mansão custa até R$ 17 milhões

  • 20 de julho de 2011

Segundo Secovi, m² em região da capital só perde para bairros do Rio.

Pedidos de clientes incluem sobrevoo de helicóptero aos imóveis à venda.

No Lago Sul, região nobre da capital federal, uma fatia especial do mercado imobiliário movimenta milhões de reais a cada negócio fechado. No local, onde moram políticos do alto escalão nacional e donos de grandes empresas, as mansões são vendidas por valores que variam entre R$ 8 milhões e R$ 17 milhões.

Os clientes desse segmento do mercado são exigentes – já houve pedido de um, por exemplo, para fazer um sobrevoo de helicóptero sobre a propriedade em negociação, prontamente atendido pela imobiliária.

Também não há economia com “detalhes” dos imóveis; há casas em que o piso custa US$ 1,5 mil o metro quadrado, o equivalente a R$ 2,4 mil pela cotação do dólar desta  terça-feira (12) – caso de uma mansão à venda por R$ 10 milhões no Lago Sul.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato de Habitação do DF (Secovi), Ovídio Maia, o mercado de luxo da capital federal está entre os três mais caros do país, ultrapassando endereços reconhecidos nacionalmente pelo status e alto preços.

“Em termos de mercado de luxo, temos o terceiro metro quadrado mais caro do país, atrás de Ipanema e da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Essa fatia de mercado de Brasília já ultrapassa o bairro dos Jardins, em São Paulo”, indica Maia.

Entre os compradores de imóveis nessa faixa de preço estão as embaixadas. Países africanos costumam se interessar pela suntuosidade, ajudando a manter preços altos, diz o empresário Daniel Dall’Oca, dono de uma imobiliária especializada em imóveis de alto padrão.

“As embaixadas acabam inflacionando os preços. É mais fácil para um país pagar R$ 10 milhões em um imóvel do que uma pessoa física.” Na sua carteira de clientes, ele tem políticos com mandato, ex-governantes e empresários de Brasília e São Paulo.

Um dos destaques da imobiliária é uma casa da QL 10 do Lago Sul, com 990 m² de área construída, anunciada por R$ 13 milhões. O imóvel, vizinho ao Lago Paranoá, tem área verde de aproximadamente 8.000 m².

Um enorme hall de entrada, com pé direito alto, é o cartão de visitas da mansão, que conta ainda com cinco suítes, escritório, home-theater, salão de jogos, academia, churrasqueira, piscina, garagem coberta, dois quartos para empregadas e um para motorista.

Entre os detalhes de requinte estão ar-condicionado em todos os ambientes, elevador, aquecimento solar, sistema de irrigação no jardim, sistema de alarme com sensor de presença ao longo de todo o terreno e deck para embarcações e lazer no lago.

Na casa de R$ 10 milhões da QL 8 à venda pela empresa, o projeto arquitetônico moderno é o que mais chama atenção. O imóvel tem 1.200 m² de área construída e cerca de 3.000 m² de área verde.

São cinco suítes, entre elas a máster, com uma extensa varanda com vista para o jardim, dois closets, dois banheiros, minicopa e rouparia. O imóvel conta ainda com sala de jantar, copa, cozinha, home-theater e academia integrada com amplas varandas, sauna, banheiro masculino e feminino. Piscina e churrasqueira também fazem parte da área de lazer.

O imóvel possui ar-condicionado em todos os ambientes, elevador, sistema de alarme, aquecimento solar, sistema de irrigação para o jardim e área de desembarque para visitantes. Um detalhe que dá a dimensão do requinte do acabamento: o piso colocado na casa custa US$ 1,6 mil o metro quadrado.

Para atuar num setor que movimenta tantos zeros, Dall’Oca conta que estratégia de divulgação é diferenciada, sem muita publicidade. “Em alguns casos, a imobiliária vai até os possíveis clientes e faz a oferta. A nossa rede social é fundamental para o negócio”, afirma o empresário.

Atender a pedidos especiais também está dentro do roteiro da imobiliária. “Um cliente já pediu para sobrevoarmos um terreno de helicóptero. Nós fizemos. Também é comum eu viajar a São Paulo apenas para que clientes possam assinar contratos”, disse.

Segundo ele, duas coisas contam muito na hora de calcular o valor dos imóveis de alto padrão: a localização e os itens de acabamento de luxo. Morar numa ponta de picolé, como são chamados os terrenos que têm o Lago Paranoá como vizinho, é sinônimo de prestígio.
Se a ponta de picolé for na QL 12, também conhecida como Península dos Ministros, esse prestígio aumenta tanto quanto o valor do imóvel. A propriedade mais cara atualmente em negociação na Ação Dall’Oca é uma ponta de picolé nessa quadra. Para vender o terreno de 6 mil metros quadrados com acesso ao lago, casa construída há mais de 20 anos e precisando de reforma, a dona pede R$ 17 milhões.

Na QL 12, que tem guarita de entrada e é vizinha a uma das pontes que dá acesso ao Lago Sul, os aluguéis podem alcançar R$ 65 mil ao mês. Com posições semelhantes e sem qualquer construção, terrenos negociados por R$ 1,8 milhão em outras quadras do Lago Sul chegam a R$ 4,2 milhões na QL 12. Com pouca oferta tanto para aluguel quanto para compra, a Península dos Ministros é sinônimo de status.

 

O local tem 209 casas construídas e a vizinhança inclui nomes como Nenê Constantino, fundador da empresa de aviação Gol, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS) e do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e grandes empresários.

Diante dos altos preços e da oferta restrita nas melhores quadras do Lago Sul, uma opção de moradia de alto padrão são os condomínios do Setor de Mansões Dom Bosco, região do Lago Sul que concentra grande quantidade de novas construções.

Apartamentos
De um lado, apartamentos de dois e três quartos com o metro quadrado saindo por cerca de R$ 3 mil. Do outro, o metro quadrado, para o mesmo tipo de imóvel, passando dos R$ 8 mil. A disparidade indicada pelos dados do Sindicato da Habitação do DF (Secovi) é o retrato do mercado imobiliário do Distrito Federal.

A distância física que separa essas realidades é pequena. De Brasília, onde os imóveis de dois quartos custam em média R$ 570 mil, para o Gama, onde o mesmo tipo de apartamento é vendido por cerca de R$ 170 mil – uma diferença de 235% –, são apenas 30 quilômetros.

Os preços são parecidos quando comparado um imóvel do mesmo padrão entre o Plano Piloto e o Núcleo Bandeirante, a 13 quilômetros do centro da capital. No Núcleo, um apartamento de dois quartos custa em média R$ 173 mil, segundo levantamento realizado pela Econsult Consultoria Econômica para o Secovi-DF.

No Plano Piloto, o metro quadrado dos apartamentos de quatro dormitórios custa a partir de R$ 7 mil. Na Asa Sul e Sudoeste são encontrados os maiores preços: R$ 10.488 e R$ 9.324, respectivamente.

 

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