Apesar da maior presença dos bancos privados no mercado imobiliário, os bancos públicos são os principais responsáveis pelo aumento na oferta de crédito
Os financiamentos da casa própria estão crescendo a uma velocidade duas vezes maior do que a média das demais operações de crédito. “Nunca o momento foi tão favorável para a compra de imóveis”, disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. “Com a estabilidade da economia, é possível planejar financiamentos a prazos mais longos e a juros mais baixos”, acrescentou. Foi essa equação, segundo ele, que levou o saldo dos empréstimos para a casa própria a fechar junho em R$ 74,1 bilhões, com aumento de 40,9% em 12 meses. No mesmo período, o crédito total avançou 19,7%. “Em junho, especificamente, o financiamento habitacional cresceu 3,5% e o crédito como um todo, 1,3%”, afirmou.
Na avaliação de Altamir, a tendência é de que o financiamento imobiliário passe a comandar a retomada do crédito à pessoa física. “O prazo médio de pagamento dos contratos está cada vez maior. No mês passado, atingiu 2.959 dias, o mais extenso da série iniciada em junho de 2000”, ressaltou. Quanto maior o prazo, menor é a prestação, permitindo que as famílias possam encaixar as dívidas em seus orçamentos. “Até recentemente, não havia muito como planejar a compra de imóveis, pois a instabilidade era grande”, disse o economista do BC. Para ele, nem mesmo a crise mundial mudou os bons ventos que estão soprando no mercado, já que o nível de emprego se manteve quase intacto e a renda dos trabalhadores continuou crescendo.
Apesar da maior presença dos bancos privados no mercado imobiliário, são os bancos públicos os principais responsáveis pelo aumento na oferta de crédito. “Do saldo de R$ 74,1 bilhões, R$ 70,2 bilhões foram bancados com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e da caderneta de poupança”, destacou. A Caixa Econômica Federal, especificamente, destinou R$ 17,4 bilhões para a casa própria nos primeiros seis meses deste ano, quantia 98% maior do que o total liberado no mesmo período de 2008 (R$ 8,8 bilhões). “Mesmo com todo o crescimento, o financiamento imobiliário ainda representa pouco do crédito total (apenas 5,79%)”, destacou Altamir.
Com o crédito jorrando, as empresas retomaram os lançamentos de empreendimentos imobiliários. Para o Sindicato da Habitação no Distrito Federal, SECOVI/DF, apesar da tão falada crise os consumidores não recuaram, como o previsto, e a procura por imóveis continuou, ou seja, se houve crise no mercado de imóveis, ela foi rápida e passou.
Fonte: Correio Braziliense