O Distrito Federal é a unidade da Federação com o maior percentual de domicílios alugados em relação aos outros estados do país. Levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que de um total de 746 mil imóveis residenciais, 211 mil estavam nas mãos de inquilinos, e não dos proprietários, em 2008 — o que corresponde a 28,25% do montante. O número, proporcionalmente, supera a média nacional, que chegou a 16,56%, ou 9,5 milhões de imóveis. A justificativa para esse resultado é o grande vai e vem de pessoas a Brasília, a reunião de moradores de várias cidades em busca de emprego, e apartamentos que são vendidos com o metro quadrado de até R$ 12 mil.
Atrás do Distrito Federal, aparecem Goiás, com 21,43% dos domicílios locados no ano passado, e São Paulo, com 20,02%. Em relação à quantidade de imóveis próprios, o brasiliense fica em último lugar no ranking nacional. São 460 mil residências próprias, o que corresponde a 61,62% do total. O Amapá detém o primeiro lugar, com 85,62% de domicílios próprios em todo o estado, o que corresponde a 141 mil. Em segundo lugar, está o Acre, com 157 mil unidades, o que representa 83,88% dos domicílios da região.
Para o presidente da Comissão de Valores Imobiliários do DF, Frederico Attié, a grande procura por aluguel em Brasília se dá devido à grande transitoriedade da cidade. Ou seja, pessoas chegam à capital de vários outros estados do país em busca de trabalho temporário, como assessorias ou ainda cargos públicos que costumam durar apenas o mandato do representante. “Brasília tem muita demanda para obra ainda”, apostou Frederico. “O aluguel é pontualmente caro porque Brasília se torna, a cada dia, a capital da América Latina. Sedes de empresas, o centro político e todo gasto público está aqui. As pessoas têm condições de pagar”, explicou.
O empresário Luis Fazzioni, 34 anos, aprendeu com o pai, economista, e um tio, a movimentar dinheiro com investimento no mercado imobiliário. Hoje, além de trabalhar como consultor de construção e arquitetura, compra e aluga imóveis pensando em um futuro de tranquilidade e conforto financeiro. Fazzioni pensa em comprar uma casa. Mas, por enquanto, vive de aluguel em um loft duplex no Sudoeste. Mantém construções em seu nome espalhadas pelo DF, que costuma alugar para outras pessoas. Com o dinheiro arrecadado por mês, ele paga ao proprietário do apartamento onde mora — um loft de 60m² e dois quartos no Sudoeste, que custa cerca de R$ 480 mil para a venda, e um aluguel de R$ 2,4 mil. Dessa forma, economiza dinheiro para investir em novas compras e aumentar o patrimônio.
Fazzioni aconselha o novo investidor a comprar um imóvel e se estabilizar para, só então, entrar de cabeça no ramo imobiliário. Ele agiu dessa forma quando chegou em Brasília, há 6 anos, e adquiriu uma quitinete quarto-sala. “Não pode viver disso logo de cara”, explicou. Envolvido com o ramo imobiliário principalmente aos fins de semana, o empresário garantiu que o investimento nessa área cresce a cada dia em Brasília. “Mas depende de onde vai investir. É caso de estudar o mercado e ver a cidade do DF em desenvolvimento”, analisou. Um imóvel residencial em Ceilândia de R$ 100 mil, por exemplo, retorna ao proprietário quase 1% do preço total. Mas o aluguel de um apartamento no Sudoeste, de R$ 2 milhões, renderá cerca de R$ 12 mil mensais, o que representa 0,6%.
Valores superam IGP-M
Há dois meses, o estatístico André Cruz, 24 anos, resolveu sair da casa dos pais para morar sozinho. Ele ainda não tem condições de realizar o sonho de comprar um apartamento no Plano Piloto. Como experiência de vida, resolveu morar sozinho e ainda quer fazer um curso fora do Brasil, antes de partir para um grande investimento. Enquanto isso, escolheu uma quitinete no Centro de Atividades 2, no início do Lago Norte, para morar. O quarto e a cozinha estão montados. Faltam os móveis da sala e alguns detalhes. “Eu queria um lugar tranquilo e com segurança para estacionar o carro”, contou André. Paga R$ 530 de aluguel e R$ 170 de condomínio.
Segundo André, o valor de uma quitinete no Lago Norte não destoa dos apartamentos do Plano Piloto. O preço destes imóveis, no entanto, aumenta a cada mês. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou queda nos últimos meses, mas a renovação dos contratos de aluguel cresceu cerca de 15%. Em acordos de 30 meses, o aumento chegou a atingir 50%. Um dos motivos do crescimento é a valorização do imóvel. Em um ano, o metro quadrado no Plano Piloto subiu, em média, 20%. Águas Claras e Taguatinga registraram valorização de 29% e 20%, respectivamente. Áreas residenciais em Samambaia, Ceilândia e Gama dispararam e tiveram elevação de 47%.
Segundo o presidente do Sindicato da Habitação do Distrito Federal (Secovi-DF), Miguel Setembrino de Carvalho, o mercado imobiliário de Brasília — compra e aluguel — é o mais aquecido de todo o Brasil. Os imóveis publicados na internet ou expostos em propaganda nas ruas da cidade são vendidos rapidamente. Para Miguel, a razão de tanto sucesso é principalmente a demanda do mercado, suficiente para quitar todas as ofertas.
Além disso, o aluguel em Brasília é barato se comparado a outros lugares que apresentam o nível econômico e social semelhante ao da cidade. “Brasília é uma cidade comparada aos bairros nobres de outros estados como Ipanema e Copacabana. Aqui, aluga-se um apartamento de R$ 2 milhões por R$ 5 mil. Lá, você aluga uma quitinete por este valor”, explicou Setembrino.
Fonte: Correio Braziliense
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