Preço de imóveis deve seguir inflação; confira análise por capitais

  • 5 de dezembro de 2012
21 de novembro de 2012 • 07h20 •  atualizado 08h
Vinicius Pereira

Direto de São Paulo

O preço dos imóveis no Brasil nos próximos 12 meses não irá cair, mas deixará de apresentar altas como as dos últimos três anos e deverá seguir o mesmo patamar da inflação, segundo especialistas. Dados do índice Fipe/Zap mostram que após subir cerca de 20% no acumulado de janeiro a outubro de 2011, a alta do preço dos imóveis desacelerou para 11% no mesmo período deste ano. Mesmo menor, a alta ainda está longe dos 4,8% da inflação acumulada pelo IPCA neste ano.

“Eu acho que o ritmo de crescimento do preço dos imóveis não vai voltar ao que foi. Esse ano está aumentando mais que a inflação, mas acredito que ele vai manter a desaceleração que já aparece, pois é cada vez mais difícil vender imóvel graças ao mercado – que está tentando se ajustar, já que não é tão comum alta como as de 2008 a 2010”, disse Adolfo Sachsida, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, diz que o Brasil crescendo pouco e a falta de eficácia das medidas do governo para aquecer a economia contribuem para o arrefecimento da alta dos imóveis. “É de se esperar que os preços acompanhem a inflação porque a gente está tendo um limite no crédito imobiliário, com a inadimplência dando sinais preocupantes e a economia crescendo pouco. Novos incrementos de renda não estão agindo como se esperava e, por consequência, isso (a estabilização da alta) poderá ser vista nos próximos 12 meses”, afirmou Almeida.

“O que a gente tem visto são os preços crescendo na ordem de 0,9%, 1%, ou seja, bem próximo da inflação. Mas, caso haja uma grande influência externa, um aumento ou redução no crédito pode influenciar para cima ou para baixo os preços”, disse o coordenador do índice Fipe/Zap, Roberto Zac.

Confira uma análise das perspectivas para os próximos 12 meses em comparação com os dados desse ano apurados nas capitais observadas pela Fipe/Zap.

São Paulo
Para a capital paulista, o economista chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, afirmou que a variação dos preços na cidade nos próximos 12 meses irá depender da quantidade de novos empreendimentos imobiliários que serão lançados – o que também influencia o preço dos usados.

“Se nós voltarmos a ter um crescimento nos lançamentos, eu acredito que nós não tenhamos um aumento da maior (do preço dos imóveis). Em 2010 e 2011, São Paulo lançou cerca de 38 mil unidades anuais, porém esse ano iremos fechar em torno de 28 mil. Estamos vendendo o estoque. Caso haja mais lançamentos, a paridade de preços com a inflação é possível, mas por outro lado, se continuar assim a gente pode estimar um aumento maior de preço”.

Entre janeiro e outubro desse ano, os preços na capital paulista subiram 13,5%, segundo o índice Fipe/Zap.

Rio de Janeiro
O vice-presidente do Secovi-RJ, Leonardo Schneider, afirmou que o mercado na capital fluminense está em processo de ajuste após as seguidas altas desde 2009, por isso acredita que os preços irão se ajustar com a inflação. “No Rio de Janeiro estão havendo investimentos em segurança e transporte, revitalizações de áreas. Isso faz com que as pessoas queiram morar na cidade. Na zona sul, por exemplo, praticamente não tem terreno para construir, o índice de renda da população está crescendo, menos juros, mais prazos. Por isso, não haverá queda, mas sim uma acomodação, uma desaceleração”, afirmou.

Só neste ano, os preços de apartamentos no Rio subiram, em média, 12,8% (acima da média nacional).

Belo Horizonte
Assim como em São Paulo, os preços dos imóveis em Belo Horizonte também estão alinhados com a quantidade de novos lançamentos, porém o tamanho físico da cidade atrapalha esta questão. Para Otimar Bicalho, diretor da CMI/Secovi-MG, os preços irão registrar altas de cerca de 6% nos próximos 12 meses. Até outubro, o metro quadrado na capital mineira subiu 7,2%.

“Eu acho que nós estamos entrando em uma fase de estabilização, ou seja, apenas há uma expectativa de correção de 5%, 6% nos próximos 12 meses. Daí para frente é provável um aumento maior, já que reduziram em cerca de 40% os lançamentos. Belo Horizonte é uma cidade pequena. Os preços aqui sobem por falta de terreno, e as novas construções são feitas no processo de demolição. Isso aumenta muito o preço dos empreendimentos, que puxa também o preço dos usados”, disse.

Distrito Federal
O Distrito Federal é o local que apresenta a menor alta dentre as capitais, de acordo com o índice Fipe/Zap (2,7% no acumulado de2012). Porém, para Carlos Hiram Bentes David, presidente do Secovi-DF, a grande capacidade de compra da população local irá elevar os preços acima da inflação. “Em termos demográficos, Brasília cresceu 25%. É o dobro da média nacional, ou seja, aumenta a população com grande capacidade de pagamento, é isso que mostra essa demanda consistente. Para os próximos 12 meses, a nossa expectativa é alta acima da inflação”.

Salvador
Os preços dos imóveis na capital baiana – que registraram queda de 0,2% em setembro e acumulam alta de 6,5% no ano (abaixo da média nacional) – não devem mais cair, porém irão se estabilizar, de acordo com o Kelso Fernandes, presidente do Secovi-BA. “Eu acho que os preços estão com a tendência de estabilização. Não acredito que ele continue caindo nem que ele vá subir significativamente”, disse.

Fortaleza
Na capital do Ceará, o Secovi informou que o preço dos imóveis deve subir ligeiramente acima da inflação. “Vai ficar em 10%, 12%”, afirmou Paulo Kuhn, consultor econômico do Secovi-CE. Só em 2012, o valor do metro quadrado em Fortaleza já aumentou 11,6% – acima da média nacional.

Recife
Na capital de Pernambuco – que tem a maior alta acumulada em 2012 dentre as capitais pesquisas pela Fipe/Zap, de 16,8% – os preços irão se estabilizar, principalmente pelos custos da mão de obra, segundo informou o Sinduscon. “Nos próximos 12 meses irá ter uma estabilidade, na verdade há uma pressão muito mais causada no aumento da mão de obra, do que pela diferença de demanda e oferta. Mas no geral a tendência é a estabilização”, disse José Antônio Lucas Simon, vice-presidente da entidade.

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